Sobre a noção de transparência em Byung-Chul Han e a defesa de nossa desacreditada opacidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i3.1860

Palavras-chave:

Transparência; Sociedade do Desempenho; Dispositivos de poder; Neoliberalismo; Psicopolítica.

Resumo

A transparência é um velho ideal moderno que as novas tecnologias rejuvenesceram e tornaram onipresente nas discussões atuais sobre poder, cultura digital e controle. Neste artigo, propomos uma análise da noção de transparência ao longo de quatro obras do filósofo contemporâneo Byung-Chul Han: Sociedade do cansaço, Topologia da violência, Sociedade da transparência e Psicopolítica. Este percurso nos permitirá sugerir uma genealogia desta noção na obra de Han. A noção de transparência será analisada como desdobramento da sociedade de desempenho, como forma de violência, como fenômeno econômico e cultural e como dispositivo neoliberal. Tais abordagens propostas por Han supõem uma mudança do paradigma disciplinar elaborado por Foucault: assim a sociedade contemporânea seria mais uma sociedade do desempenho que uma sociedade disciplinar. Em nossas considerações finais, pontuaremos algumas críticas ao livro Psicopolítica. Se a transparência é um dispositivo que gera uma visibilidade seletiva para reproduzir uma ordem neoliberal, um discurso crítico sobre a transparência não deveria invisibilizar as concepções que se contrapõem a esse dispositivo. Nesta direção, aventamos quatro perspectivas que agrupam linhas de ações coletivas e individuais que confrontam o dispositivo neoliberal da transparência.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Martin Domecq, Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)

Doutor pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador – BA, Brasil. Professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Itabuna – BA, Brasil.

Referências

BAUDRILLARD, Jean. La transparencia del mal: ensayo sobre los fenómenos extremos. Trad. Joaquín Jordá. Barcelona: Anagrama, 1991.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2000

BENEVIDES, Pablo Severiano. Neoliberalismo, psicopolítica e capitalismo da transparência. Psicologia Social, Belo Horizonte, v. 29, e164064, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 71822017000100244&lng=pt&nrm=iso>. Acessado em: 10 de maio de 2020.

CANIATO, Angela Maria Pires. Violências e subjetividades: o indivíduo contemporâneo. Psicologia Social, Porto Alegre, v.20, n.1, p.16-32, abr. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822008000100003&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 10 maio de 2020.

DE SOUZA SANTOS, Boaventura e MENEZES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009.

GUÉRIN, Michel. La transparence comme paradigme. Aix-en-Provence: Publication de l’Université de Provence, 2008.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Trad. Enio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

HAN, Byung-Chul. Sociedade da transparência. Trad. Enio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

HAN, Byung-Chul. Topologia da violência. Trad. Enio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

HAN, Byung-Chul. No enxame: reflexões sobre o digital. Trad. Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água, 2016.

HAN, Byung-Chul. Psicopolítica. Trad. Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água, 2015.

HAN, Byung-Chul. Shanzhai: El arte de la falsificación y la deconstrucción en China. Trad. Paula Kuffer. Buenos Aires: Caja negra, 2016.

HAN, Byung-Chul. A agonia do Eros. Trad. Enio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

HOFFMAN, Marcelo. O poder disciplinar. In: TAYLOR, Dianna (Ed.). Michel Foucault: conceitos fundamentais. Tradução: Fábio Creder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.

LINHART, Danièle. À propôs du post-taylorisme. Sociologie du travail, Paris, n. 1, p. 63-74, 1993.

MISTREANU, Simina. "Life Inside China’s Social Credit Laboratory". Foreign Policy (3 abril 2018). Disponível em: <https://foreignpolicy.com/2018/04/03/life-inside-chinas-social-credit-laboratory/>. Acessado: 06 de maio de 2020.

MÜNCH, Philippe. “Révolution française, opinion publique et transparence: les fondements de la démocracie moderne”. Appareil, 7, 2011. Disponível em: <http://journals.openedition.org/appareil/1220> Acessado: 3 maio de 2020

VÁSQUEZ, Rocca Adolfo. (2017). Byung-Chul Han: la sociedad de la transparencia, autoexplotación neoliberal y psicopolítica. De lo viral-inmunológico a lo neuronal-estresante. Nómadas Revista Crítica de Ciencias Sociales y Jurídicas. 52. 10.5209/NOMA.56074. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/320721069_Byung-Chul_Han_la_sociedad_de_la_transparencia_autoexplotacion_neoliberal_y_psicopolitica_De_lo_viral-inmunologico_a_lo_neuronal-estresante> Acessado: 3 maio de 2020

WAJCMAN, Gérard. El ojo absoluto. Trad. Irene Miriam Agoff. Buenos Aires: Manantial, 2011.

YUSTE, Rafael et. All. (2017). Four ethical priorities for neurotechnologies and AI. In: Nature, v. 551, 9 nov. 2017. Disponível em: <https://www.nature.com/news/four-ethical-priorities-for-neurotechnologies-and-ai-1.22960> Acessado: 3 maio de 2020.

Downloads

Publicado

2020-10-20

Como Citar

DOMECQ, Martin. Sobre a noção de transparência em Byung-Chul Han e a defesa de nossa desacreditada opacidade. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 20, n. 3, p. 342–361, 2020. DOI: 10.31977/grirfi.v20i3.1860. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/1860. Acesso em: 27 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos