As reviravoltas de um conceito: a crítica do “poder” em Michel Foucault
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i3.1814Palavras-chave:
Poder; Governo; Guerra; Diagnóstico do presenteResumo
Nesse artigo, empreenderemos uma reflexão sobre a analítica do poder em Michel Foucault. Nossa intenção é percorrer a produção foucaultiana a partir de meados dos anos setenta até início dos anos oitenta, buscando compreender os deslocamentos ou “reviravoltas” pelos quais o conceito de poder sofreu ao longo do tempo. Procuraremos mostrar que é possível identificar três momentos na pesquisa de Foucault. Em primeiro lugar, ao tentar se afastar da tradicional compreensão jurídica-discursiva do poder, ele introduz uma análise inédita a respeito da dinâmica do poder disciplinar e dos micropoderes que compõem o campo social. Pode-se considerar esse um deslocamento, de modo geral, em relação à tradição política ocidental. Com o curso Em defesa da sociedade encontramo-nos diante de uma modificação na compreensão do poder, ao identificá-lo como guerra ou luta. Por fim, com a introdução dos conceitos de biopoder/biopolítica, Foucault é levado a uma grande expansão de suas pesquisas, tematizando conceitos que não faziam parte de seu interesse até então, como, por exemplo, o conceito de Estado. É nesse contexto que o conceito de governo fará sua entrada nas reflexões de Foucault. Entendemos que o conceito de governo se configura como um refinamento e, igualmente, deixa mais ampla e complexa sua análise do poder a fim de dar conta do presente político.
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