Sentido e sofrimento no último Nietzsche
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i3.1810Palavras-chave:
Sofrimento; Sentido; A Gaia Ciência; Genealogia da moral; Prefácios de 1886.Resumo
No FP 1888, 14 [89], Nietzsche distingue um sentido trágico e um sentido cristão para o sofrimento. Com esse par conceitual, o filósofo designa o conflito entre duas justificações antagônicas da vida, contrapondo dois tipos de sofredores com anseios contrários. O presente artigo defende a hipótese de que a mencionada distinção ilustra um modo de pensar o sofrimento, característico do período de 1886-1888 da filosofia nietzschiana. Partindo da Genealogia da Moral, ver-se-á como a discussão metodológica envolvida na fluidez de sentido implica uma contraposição à pretensão do ideal ascético de estabelecer um sentido fixo e universal para o sofrimento. Em seguida, será considerado o §370 da Gaia Ciência, no qual a heurística da necessidade fornece a Nietzsche a distinção entre dois tipos de sofredores, bem como a configuração das artes e filosofias em correspondência com seus anseios. Por fim, os prefácios de 1886 serão interpretados como o marco teórico que estabelece o modo de pensar o sofrimento por pares antagônicos, na medida em que, nesse conjunto de textos, Nietzsche narra como aprendeu a ver a distinção entre dois tipos de filosofar: um oriundo da fraqueza e outro, da força. Conclusivamente, serão traçadas considerações para estabelecer a contraposição tipológica de sofredores antagônicos como uma chave de leitura legítima para analisar o sofrimento no período final da filosofia de Nietzsche.
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