A noção de “minha natureza” nas “Meditações Metafísicas” de Descartes: sobre um eu-prático no cartesianismo
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i1.1310Palavras-chave:
Descartes; Minha natureza; Sexta meditação.Resumo
Qual o estatuto da noção de “minha natureza” nas “Meditações Metafísicas” de Descartes? Esta é a questão do presente artigo. Para respondê-la, o estudo se divide em duas partes. Num primeiro momento, mais enxuto, trata-se de investigar a referida noção tal como ela aparece, sobretudo, nas duas primeiras meditações, a saber: como a natureza do senso comum, a qual requer ser superada com vistas a dar lugar a uma noção de natureza propriamente filosófica, guiada pelo que se denomina nas “Meditações” por “luz natural”. Num segundo momento do trabalho, mais alongado e seminal, notadamente através da análise da sexta meditação, trata-se de evidenciar que se a noção de “minha natureza” em nada auxilia na tarefa de uma teoria do conhecimento, para uma filosofia prática em específico será justamente a ela que o autor se verá obrigado a recorrer. O que comporta, contudo, algum custo para a metafísica cartesiana de maneira geral. Pois se a sua teoria do conhecimento está inteiramente baseada em elementos a priori (isto é, necessários, universais e inatos), a sua filosofia prática, por sua vez, porquanto fundada numa mistura entre razão e sentimentos, precisará ser edificada quase que inteiramente num solo contingencial e experimental.
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