Vida enquanto absoluto incondicionado: sobre a materialidade da essência da manifestação na fenomenologia de Michel Henry
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v19i3.1241Palavras-chave:
Vida; Absoluto; Essência da Manifestação; Fenomenologia Material.Resumo
A Fenomenologia Material de Michel Henry nos desvela o imenso domínio da vida que nos supõe outro conceito de absoluto, a saber, essa vida originária em cada cogitatio enquanto auto-afecção, onde nem a vida e tampouco o desvelado por ela são meros conceitos abstratos, mas uma realidade carnalmente passível. Este saber da vida se abre contra-redutivamente, de modo que, na passibilidade radical da vida, a partir de um sentimento que sempre ocorre na ipseidade de sua carne patética, Verbo e carne permanecem desde sempre unidos enquanto começo absoluto independente de representações. Nesta medida, ir à ‘coisa mesma’ desta fenomenologia não intencional implica em descobrir o ser na transparência de sua vinda a si, absolutamente autônoma, cujo processo de fenomenalidade dispensa uma distância. Assim, Henry insiste no pathos que ego sum sem nos obrigar a passar por uma representação, graças ao primado do aparecer em sua própria aparição, no entanto, nos permanece como questão latente entender em que consiste essa vida enquanto absoluto incondicionado. Como é possível falarmos desta vida que leva a cabo a experiência de si, identificando com tal movimento? Para tanto, este trabalho tem como base central L’Essence de la Manifestation de Michel Henry que, ao nosso ver, defende como tese o devir fenomênico do ser como pura afecção de si num corpo próprio e, nesta medida, apresentar-se-ia como um bom fundamento por converter da transcendência para uma imanência pura o desvelar do próprio ser.
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