A política no fim da idade média e sua influência no renascimento: entre o “De regno – ad regem cypri”, de São Tomás, e “Il principe”, de Maquiavel
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v19i2.1195Palavras-chave:
São Tomás; Maquiavel; Política Renascentista; Bem comum.Resumo
O presente artigo pretende esboçar um paralelo entre duas obras da filosofia política: o opúsculo inacabado “Do reino ou do governo dos príncipes ao Rei de Chipre” de São Tomás de Aquino, e o conhecido “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel. O cotejo dos textos permite aproximações diretas entre dois momentos filosóficos distantes através da temática similar, pelo tratamento filosófico da tradição clássica, e pela sutileza do argumento que relaciona o bem comum com o privado, nas relações políticas. A análise divide-se em duas partes temáticas: a definição de governante, e, as características de seu ofício. Em Tomás, articula-se a influência da política aristotélica com o modo como a finalidade privada do governante se estabelece numa hierarquia dos fins, justificadora do governo e direcionada ao bem comum. Em Maquiavel se observa uma recepção diferente do pensamento antigo, ligado à retórica romana, e uma hierarquia própria dos fins, que se direciona, de modo semelhante ao tomasiano, para o bem comum, mas com um tratamento diferente quanto a como esse bem público se relaciona com o bem privado, tanto do governante, quanto do povo que lhe é sujeito. Desta comparação conclui-se por uma necessidade de estabelecer a complexidade da filosofia política na passagem da idade média para o renascimento que afaste a ideia de uma ruptura total, e permita entender como a idade moderna partilha, em continuidade, elementos medievais e os desenvolve muito mais do que os abandona.
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Referências
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