A afirmação da finitude como possibilidade para a responsabilização do desejo: notas a partir de Heidegger e Lacan
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v19i1.1162Palavras-chave:
Angústia; Desejo; Morte; Heidegger; Lacan.Resumo
O propósito deste artigo é o de evidenciar de que forma a afirmação de ser ser-para-a-morte de Heidegger pode ser entendido como condição de possibilidade para a responsabilização do desejo conforme formulado pela psicanálise lacaniana. Primeiro, descreve-se a estrutura do Dasein heideggeriano, bem como seus existenciais. Em seguida, analisa-se o uso e o sentido da noção de desejo em Lacan. Tanto numa existência autêntica, quanto num final de análise, onde o sujeito sabe lidar com suas perdas, diante da angústia, ele assume um papel de protagonista de sua existência e consegue se responsabilizar pelo seu desejo. A análise, nesse sentido, serve como uma ferramenta que possibilita o sujeito lidar com este sofrimento decorrente da falta, deste nada que falou Heidegger. Evidentemente que a análise não objetiva eliminar esta falta ontológica, mas tão somente desconstruir os fantasmas que o sujeito construiu para afastar o que lhe é mais próprio, constitutivo de sua estrutura ontológica, qual seja, sua finitude. Portanto, tanto para Heidegger, por meio da afirmação da angústia frente à morte, quanto para Lacan, onde o sujeito assumiu a tragédia de sua existência – no final de análise –, é a afirmação da finitude que possibilita a responsabilização do desejo, de ser autêntico ou, se preferir, sujeito.
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Referências
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